Em novembro deste ano, Pelotas terá o Festival Cabobu – Festa dos Tambores 3ª edição, evento que reúne grupos de música e dança populares de Pelotas, tendo o tambor de sopapo como o centro, para mostrar a riqueza e pluralidade da cultura negra no estado. A terceira edição do evento foi um dos 33 projetos selecionados pelo Natura Musical, dentre 3.720 propostas de todo o Brasil inscritas no Edital. Além dos shows, o Festival de três dias vai oferecer oficinas, ações formativas e promover mesas redondas. A Prefeitura de Pelotas, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), é apoiadora do evento.
A Secult estará envolvida no processo de construção do projeto, de iniciativa da produtora Sandra Narcizo, da MS2 Produtora, e de Edu do Nascimento, filho do compositor, percussionista e agitador mestre Giba Giba. Idealizador das duas primeiras edições e grande homenageado do Festival Cabobu, Giba Giba lutou a vida toda pela valorização do Sopapo, pelo reconhecimento da Cultura Negra, pela equidade racial e pela extinção do racismo entre os povos. Entre outras contribuições, a Secult auxiliará na divulgação e nas liberações de espaços, como palco e salas para as mesas redondas.
No dia 31 de janeiro foi feito o anúncio dos 19 artistas e 14 coletivos que serão patrocinados neste ano pela plataforma Natura Musical, com aporte importante nas contratações dos shows e estruturas. Agora o projeto do Festival Cabobu está em análise pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Estado e deve entrar, em breve, na fase de captação de parte dos recursos.
Enquanto isso, os organizadores conversam com várias instituições, associações e ONGs, que devem dar apoios importantes ao Festival. Está confirmada a participação de vários grupos negros, engajados com as causas, associações de bairros e outros envolvidos nos temas a serem discutidos nas mesas. Os shows terão bandas de Pelotas e de Porto Alegre, conhecidas pelo grande público. Edu Nascimento será o hostess e Djalma Corrêa é o padrinho do evento, consagrado na primeira edição, que terá diversos homenageados. José Batista, filho do Mestre Baptista, será o coordenador das oficinas e mesas redondas. Cabobu será transmitido on-line, em tempo real. “Temos ainda muitas ações a serem tratadas com outros setores, comerciais e culturais para participação em ações correlatas no evento, que assume como um guarda-chuva, tanto na área cultural como social, econômica e política”, adianta Sandra Narcizo.
Sandra foi produtora de Giba Giba até sua morte e, por decisão da família, ficou com seu espólio. “Sigo fazendo projetos para levar adiante o legado de Giba Giba, e o Cabobu foi o evento mais afirmativo, de que temos notícia, da cultura Negra no Rio Grande do Sul, que tem o Sopapo como símbolo da Ancestralidade Negra do Estado. Este evento foi criado para a promoção, permanência e preservação deste símbolo”, destaca a produtora.
Sandra acredita que este Festival, que propõe música e ações afirmativas importantes do povo preto, é necessário porque abre um espaço para as pessoas se manifestarem por meio da sua cultura, seja música, educação ou artes, em geral. Nas mesas redondas, em formato de fórum, serão discutidos assuntos prementes da população negra, no âmbito educacional, social e político, com a intenção de desdobramentos importantes para o bem estar da comunidade em geral. Entre as ações que serão desenvolvidas durante o evento, também serão propostas práticas ambientais, em um esforço coletivo entre instituições públicas e privadas.
Cabobu foram encontros de celebração do Sopapo, de iniciativa do músico Gilberto Amaro do Nascimento, o Giba Giba (1936-2013), que levou esse nome em homenagem aos carnavalescos Cacaio, Boto e Bucha. As duas edições anteriores do Cabobu ocorreram em 1999 e 2000 e contaram com a participação de músicos renomados, como Naná Vasconcelos, Nei Lopes, Paulo Moura, Djalma Corrêa e Chico César que, na ocasião, chamaram a atenção para o perigo de extinção do “Rei dos Atabaques” - como também é conhecido o instrumento.
Em 1999, a pedido de Giba Giba, Mestre Baptista (1936-2012), que já era conhecido como hábil construtor de instrumentos de percussão, comprometeu-se em construir 40 sopapos para o evento, com a ajuda de seu filho, o jovem José Batista. Ao longo de seis meses, José Batista transmitiu seus conhecimentos sobre como construir o Sopapo a partir de uma metodologia contemporânea.
Em 2022, serão patrocinados 19 artistas e 14 coletivos numa curadoria que enfatizou a diversidade de gêneros musicais (samba, pagode, hip-hop, música de tambor) e linguagens artísticas, assim como temáticas em sintonia com sustentabilidade e emergência climática. O investimento total é de R$ 5,5 milhões, sendo R$ 1,5 milhão para projetos de todo o Brasil e região Amazônica (no Edital Nacional); R$ 1 milhão para Minas Gerais; R$ 1 milhão para a Bahia; R$ 1 milhão para o Pará; e R$ 1 milhão para o Rio Grande do Sul (nestes casos com apoio de leis de incentivo à cultura destes estados).
Conheça aqui a lista completa de projetos/artistas selecionados.
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Fonte: Prefeitura de Pelotas
Imagem: Prefeitura de Pelotas
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